Às
cegas, tua imagem tateia meus poros, cata conchas em minhas ondas, se
embrenha nos meus pelos. No lusco-fusco do meu desejo, teu rosto se
desfigurou. A boca da lembrança, antes ávida, agora fuma a angústia de
quem busca no corpo alheio a memória do próprio. Teu vulto aninhou-se no
meu peito e cá ficou, feito enfeite anacrônico. Logo se dissolveu entre
os lençóis. Mas deixou um souvenir: a certeza de que algumas ausências
sabem dar prazer, até mais.